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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SILÊNCIOS CRUZADOS


Estranha sensação divina,
O céu, a terra, o mar.
Brota sonhos d'alma
Num silêncio emudecendo o olhar.

Silêncios cruzados se espalham
Igual moscas rondando fedores.
É como se o lúcido sol apagasse
E este vento não soprasse mais.

E sem brandir tento confessar
Este mísero e eterno silêncio
Que não foge deste olhar.

E neste sarcófago olhar tristonho
Tento compreender o mundo
Mas prefiro ficar mudo.

SER MORTAL


O infinito geme em uma dor plangente!
Um sentimento ineficaz
Mas com uma sensação diferente.
Lânguidos rugidos que surgem.

E numa languidez estulta
Tento sorrir para sempre, eternamente.
No entanto sei que não consigo.
Logo não sou um Ser Imortal.

Relâmpagos surgem distantes!
E o que sobra vira resto,
Simplesmente poeira...

Um dia serei enterrado!
Talvez eu morra daqui a pouco ou amanhã
com vermes me comendo debaixo do chão.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O MEDO DE ERRAR


Surgem perguntas que ficam a permear e a se fixar em minha cabeça: “Errar é realmente humano? E porque não conseguimos evitar tantos erros?” Posso até concordar que errar é de fato humano, pois acredito que ninguém seja perfeito, a não ser que seja um Deus. Acredita-se que se aprende com a experiência como, por exemplo, você afoitadamente pula em um rio ou num riacho e não encontra o chão e, consequentemente, fica no desespero de não morrer afogado porque não sabias nadar, mas um amigo gentilmente lhe salva da morte. E como experiência, o indivíduo afoito nunca mais pula num rio ou num riacho sem precaução. Então, aprendemos com a experiência, e, sem ela não aprendemos a tornarmos seguros e maduros. O mais incrível é que não reconhecemos nossos erros, ou o pior, fingimos não reconhecê-los como um ser humano por achar-nos demasiados de imperfeições, defeitos, estupidez, fragilidade e até ter complexo de inferioridade. Digo isso por experiência própria - à respeito disso.

O nosso grande medo de errar está relacionado principalmente ao fato de sermos criticados, vaiados, humilhados na frente dos outros, e isso poderá até adoecer nossa psique, acarretando a problemas psicossomáticos. Como diz o grandioso L. Ron Hubbard em sua célebre obra Dianética: “A terapia de Dianética poderá ser expressada resumidamente, pois ela apaga toda a dor de uma vida inteira. Quando esta é apagada no banco de engramas e é rearquivada como memória e experiência nos bancos desta, todas as aberrações e doenças psicossomáticas desaparecem.” Então, podemos nos livrar de todas essas aberrações e doenças psicossomáticas se adotarmos o Clear presente em Dianética. Também, no livro O Código da Inteligência, do Dr. Augusto Cury, fala o seguinte: “O conformista se considera incapaz, inábil. Não exerce suas escolhas por medo de assumir ricos. Não expande seu espaço por medo da crítica […]. Prefere inteirar seus talentos a dar a cara para bater. Os conformistas transformam fracassos em medo; os determinados transformam derrotas em garra.” O que quero dizer, afinal, é que este tal conformismo, um mal da humanidade, uma grande armadilha da mente humana, faz-nos se acomodar sem reagir e aceitar as opiniões dos outros, sem “lutar” para vencer as barreiras que a vida nos oferece. É como se você não falasse mesmo tendo sua língua em liberdade; ou como se você estivesse amarrado, acorrentado mesmo que seus braços e suas pernas estejam livres, ou melhor, soltas.

Não é nada fácil você se livrar deste mal que mais tarde poderá acarretar em uma doença psíquica, tendo extremas dificuldades mentais impedindo progressivamente o interesse e o desenvolvimento dos pensamentos. Portanto, é uma pedra a ser quebrada em pedaços por uma grande marreta resistente para que não caiamos nesta armadilha mental, porque quando você estiver aprisionado nela, dificilmente encontrará forças para sair. Devemos ter mais cuidado não somente com a nossa saúde física, mas também mental.


[Antonio Félix]


“QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO”



A TURMA DO BAIRRO SÃO JOÃO



Aquele bairro onde me criei e pude conviver com tantos amigos e, por sinal, amigos que hoje são dependentes das drogas, principalmente do mísero cigarro e da bebida alcoólatra. Uma história que de fato mudou muito de minha infância para a minha adolescência. Mas essa é a turma do bairro São João! E um garoto chamado Neto, o protagonista da história, quando pequeno gostara de ir com os seus amigos na Lagoa de União, assim chamada, para caçarem passarinhos. Um verdadeiro crime ambiental que ninguém poderia cometer. Os pássaros eram alvo de tiros de pedras e a intenção de todos era de matar e levar para casa o bicho para fazer um frito e comer com farofa. Cada um com sua *baladeira, todos preparados para uma aventura em meio à mata cheia de cipós batendo nas pernas e deixando marcas.

___ Vamos acampar aqui mesmo – disse Neto.
___ Sim, claro. Aqui é um ótimo lugar - disse Fernando.
___ Então vamos logo armar nossas barracas para procurarmos de vez estes pássaros, para que amanhã possamos chegar em nossas casas com vários pássaros para encher de orgulho nossos pais – concluiu José.

Infelizmente, muitos pássaros foram alvos destes pequenos garotos. Noutro dia, todos foram para suas casas felizes, porém, a mãe natureza não deve ter gostado nada disso. Mas algo estava reservado para um deles. E esse dia não demorou muito pra chegar, e tudo aconteceu realmente na Rua 13 de Maio quando jogavam bola e, o jovem menino chamado Neto levou uma topada tão grande que arrancou-lhe a unha do dedão do pé. Isso sim é que é castigo! Por isso as crianças e todos devem ter cuidado com o meio ambiente, com as árvores, os animais, os rios...
O tempo foi se passando e o Neto foi crescendo juntamente com seus amigos, inclusive, por incrível que pareça, foi o único que se escapou do mundo da bandidagem. Neto resolveu então se afastar de seus amigos. Muitos deles viraram bandidos perigosos e até alguns já cometeram homicídios. Meu nome é Rodrigo e fui e continuo sendo amigo do Neto. Sou companheiro dele dos tempos de bumba-meu-boi, tempos inesquecíveis. É uma coisa fantástica e que eu não sei falar emocionadamente porque deixo claro que ele foi e é um dos meus melhores amigos que já tive. Nos tempos de bois, ele se garantia com seus outros amigos a fazer a armação do boi e, ainda pulava as quintas alheias para pegar alguma caveira de gado jogada pelos pastos para ajudar na armação. Saímos desfilando não só pelas ruas do bairro como, também, por outros cantos da cidade. E sempre dávamos de cara com outros bois de outros bairros e sempre havia aquela briga, pois a rivalidade também persuadia entre o bairro São João e o Bairro São Pedro. Dois bairros com nomes de santos e ainda mais santos comemorados na mesma folia, ou seja, em festas juninas nos meses de Junho.
E era exatamente neste mês que a cidade ficava empestada de bois já que era uma tradição de peso na cidade. Hoje em dia isso é completamente diferente, ninguém dar mais valor a essa tradição, a essa cultura. Um boi do Bairro São João que fez grande sucesso foi o “Boi Estrela do Mar” e eu tinha nessa época apenas doze anos. Nós também criávamos nossas próprias músicas. Cada boi criava seu estilo próprio de música. A gente tinha a música de abertura e a música pro final da apresentação. Passávamos sempre na casa dos mais ricos e cobrávamos por um minuto de apresentação R$ 5,00 reais. Eu tocava o tamborim e o Neto tocava as Matracas. O mais engraçado é que ele já machucou muitas vezes o dedo com as matracas. Antes de sairmos para fazer alguma apresentação sempre fazíamos uma fogueira para esquentar os instrumentos para nos dar sorte. E acredite amigo, dava-nos muita sorte mesmo, pois a renda no final de todas as apresentações era muito boa e isso deixava toda a criançada alegre. Pena que nem todos seguiram o caminho correto que Deus nos oferece.
Inclusive, tínhamos uma música própria quando confrontávamos com outros bois ou mesmo uma simples apresentação que era uma honra à tradição do bairro São João. O trecho da música era a seguinte:

“É a turma do bairro São João,
É a turma que eu boto fé (bis).
E é de qualquer que eu mandar,
Ou me obedece ou eu racho, eu racho, eu racho, eu rachei...”

Assim é toda a trajetória de um bairro que vivenciei toda a minha infância, e, infelizmente, muitos dos meus amigos não se escaparam, sendo que uns morreram ao se envolver com gangues de outros bairros. Mas pro final feliz, eu e o Neto nos escapamos do mundo do crime, das drogas e de tudo que é de ruim neste mundo. No entanto, essa é a turma do bairro São João.


[Antonio Félix]

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CANTO DA CANA BRAVA

Foto: Canto da Cana Brava (União-PI)


No interior da cidade de União, no estado do Piauí, tem um belo lugar para encher o peito de ar e respirá-lo em meio à sua bela paisagem natural, cheia de cocais, rochas, riacho... É uma lugar exuberante onde de um simples balanço segurado por uma palmeira até se jogar dele ao frio riacho. Que incrível! Que maravilha! Um lugar encantador!

Aqui tem as mais diversificadas espécies de plantas e animais. A criatura mais tocante e encantadora no meu ponto de vista são os calangos lagartos bem rápidos que adoram ficar entocados debaixo das rochas. Andei observando o comportamento deles e são bastante rápidos, eles se esticam todos num movimento de impulsão para ganharem mais velocidade e se esconderem debaixo das rochas. Muito bonito essas criaturas, pois eles têm uma linha vertical branca na parte de cima que vai da cabeça ao rabo. As árvores de maior frequência no local são os carnaubais e os babaçuais, além de muitas outras espécies que eu não pude identificar, afinal, não sou nenhum ambientalista ou tenho conhecimento desta área, por isso, deixo somente para os profissionais especialistas neste tipo de assunto. Realmente é um ótimo local para tirar o estresse, passear com a família.

Em minha concepção, não existe nada melhor neste mundo do que o silêncio de um lugar onde à sua volta só tem o verde das matas, o lindo azul do céu com o forte branco das nuvens, riacho para se refrescar e, é claro, o som melódico dos mais diversos pássaros que se espalham pela região. Aqui o vento é mais intenso e forte, muito mais límpido do que na cidade. Quando você vai para um belo lugar como este, a sua vontade é de ficar e não voltar mais para a sua casa na barulhenta cidade, onde o verde é pouco, o vento nem tão intenso nem tão forte e, por sinal, muito poluído com o dióxido de carbono liberado pelos automóveis. A situação de uma é inversa à de outra. Sem dúvida, é muito divertido... um local onde o chão é na laje, por isso, a água nunca seca, pois tem os poços naturais e os famosos olhos d'águas.

Além desses poços naturais, tem também uma incrível rocha no formato do mapa do Brasil e umas rochas chamadas de Furna da Onça onde os jacarés moram. Tem também um pilão de pedra que tem muitos anos de existência, uns paredões de rocha em alguns morros... É fantástico! Duas simples palavras dizem tudo: Muito legal. Este é o Canto da Cana Brava, um lugar muito calmo para passear e curtir com a família e os amigos.


[Antonio Félix]


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O INVERNO É A MELHOR ESTAÇÃO

Não tenho dúvida alguma de que o inverno é a melhor estação do ano e, duvido que tenha algo melhor. É verdade que a primavera é muito agradável e bonita, mas continuo a optar pelo inverno. Ninguém me fará mudar de opinião, apesar de termos opiniões diferentes, continuo com a minha... Sou nordestino e isso explica tudo: A seca aqui é grande e castiga, porém, quando chove é só alegria, o rio tão cheio com algumas enchentes no Cais ali próximo que traz muita euforia.

Quando criança, gostava muito de dormir com o som da chuva batendo no telhado. Pra mim essa era a melhor música de ninar de minha infância, de minha mera infância. Tão menino ainda saía correndo pelas ruas com uma forte chuva me batendo o corpo e aproveitava ainda para jogar bola no quintal de um amigo. Eram muitos gols misturados com a água da chuva e a minha felicidade. É uma coisa fantástica esse inverno! Sinto até uma vontade fremente de recitar poesias, de escrever meus versos com uma cabeça tão fria e calma! Escrever, desenhar, cantar, amar, viajar... É uma porção de coisas e é muito difícil até de falar, prefiro ficar calado e nada comentar. O inverno é muito incrível e sei que toda criança e adulto gosta, principalmente o povo deste imenso nordeste, deste imenso sertão.

Você ainda tem dúvidas? Pois é, meu amigo, eu não tenho dúvida alguma a respeito disso e nunca tive, isto é, tenho a certeza absoluta que essa é a melhor estação do ano, apesar de tantas mortes no sul. Todavia, no meu querido nordeste esta é a melhor de todas as estações do ano.


[Antonio Félix]

Rádio americana diz ter encontrado a fórmula secreta da coca-cola

Canela, laranja, limão, coentro e noz moscada. Esses seriam alguns dos ingredientes secretos da coca-cola, protegidos por mais de um século, até um programa de rádio norte-americano anunciar ter encontrado a receita completa da bebida mais famosa do mundo.

"Eu não estou brincando", afirmou o radialista Ira Glass no começo da edição do "This American Life" da última sexta-feira. "Um dos segredos industriais mais famosamente bem guardados neste planeta: eu tenho bem aqui e vou ler para vocês".

A descoberta, segundo os jornalistas do programa, não foi fruto de um vazamento de informação ou de espionagem industrial: a receita estava na página 2B da edição de 18 de fevereiro de 1979 do "Atlanta Journal-Constitution", em uma matéria especial sobre a história da Coca-Cola.

O artigo recebeu pouca atenção na época, mas isso porque ninguém teria se dado conta de que a fotografia utilizada para ilustrar o texto era de uma cópia manuscrita da receita original de John Pemberton, o farmacêutico que criou a bebida, anotada por um amigo em um livro de receitas de remédios que passou de geração em geração em sua família até chegar ao jornal.

Examinando a fotografia, os produtores do programa chegaram à conclusão de que a receita original da coca-cola seria composta por:

  • Extrato de coca
  • Ácido cítrico
  • Cafeína
  • Açúcar
  • Água
  • Sumo de limão
  • Baunilha
  • Caramelo

E para o aditivo de sabor secreto conhecido como "7X":

  • 227 ml de álcool
  • 20 gotas de óleo de laranja
  • 30 gotas de óleo de limão
  • 10 gotas de óleo de noz moscada
  • 5 gotas de óleo de coentro
  • 10 gotas de óleo de flor de laranjeira
  • 10 gotas de óleo de canela

Essa seria a composição desenvolvida de modo quase acidental pelo farmacêutico Pemberton na década de 1882 enquanto manipulava ingredientes em busca de um remédio para dor de cabeça. O xarope resultante acabou ganhando outro rumo: era misturado a água gasosa e vendido como refrigerante.

Alguns anos depois, ele vende a "Coca-Cola Company" para Asa Candler, que inaugura o mistério sobre a composição da bebida. Ele seria o responsável por retirar até os rótulos dos ingredientes na fábrica, para que nem os empregados descobrissem seu segredo.

Procurada pelo UOL Notícias, a "Coca-Cola Brasil" disse que não iria se posicionar sobre a divulgação desta suposta receita. No site oficial da companhia, a seção dedicada a "ingredientes dos refrigerantes" diz apenas: "Os principais ingredientes dos refrigerantes estão listados nos rótulos. Além disto, os rótulos devem trazer informações nutricionais especificando a quantidade de calorias, carboidratos e outros componentes. A Coca-Cola respeita e atende todas as normas referentes à rotulagem de alimentos e bebidas."

Atualmente, no rótulo da bebida, se lê: "água gaseificada, açúcar, extrato de noz de cola, cafeína, corante caramelo IV, acidulante INS 338 e aroma natural".


Fonte: UOL Notícias

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CULTURA EM ANDAMENTO

Photo by:



Finalmente, vemos que o grande e esperado Museu do Vaqueiro da cidade de União, estado do Piauí, está em fase de acabamento. Depois de anos de espera, parece que está sendo concluído o que será para os unionenses e para a cidade de União um orgulho cultural. O vaqueiro é um símbolo muito forte na cidade, pela tradição que vem seguindo com um legítimo representante do folclore nordestino e piauiense.

No decreto de Nazareno Fonteles, o mesmo afirma que União é a cidade natal do Patrono dos Vaqueiros do Brasil, o Vaqueiro José Serafim. No ano de 1984, foi fundada a primeira Associação de Vaqueiros do Brasil, representando um marco na luta dos vaqueiros por justas condições para o trabalhador pecuário, titular, como todos os brasileiros, dos direitos trabalhistas assegurados pelas normas pátrias. Mas será que a obra ainda sairá neste ano de 2011? Só nos resta aguardar o andamento. No entanto, acredito que muitos estão torcendo para que ela seja concluída o mais breve possível.

Torço para que o Padroeiro dos vaqueiros da cidade, o Santo São Raimundo Nonato, ajude a manter viva essa cultura, e, com o MV finalizado será melhor ainda.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Apuã e Guaraci: Um amor sem limites

TEXTO INFANTO-JUVENIL


"Um amor de índios que embeleza mais a estória. Viaje neste mundo da fantasia onde somente a imaginação cria asas para voar. É uma curta estorinha, mas foi feita essencialmente para o público jovem."




Tudo ocorria muito bem na tribo Kayapó, na floresta Amazônica, onde os pássaros de diversas cores cantam e deixam tudo mais bonito.
O pajé, chefe-geral da aldeia, fazia seus rituais que mantinham a tradição dos índios Kayapós.
Uma bela moça, morena de olhos castanhos, lábios de mel, cabelos longos e escuros, conhecida simplesmente por Guaraci, era filha do valente Pajé. Ela era desejada por todos os rapazes da aldeia, mas não dava atenção para qualquer um.
Lá os índios nasciam, cresciam e morriam nus. Eles não cobriam suas partes íntimas, pois isso era totalmente normal para eles.
O termo Kayapó na linguagem indígena significa homens semelhantes aos macacos, isto, porque nos rituais sagrados eram utilizados pelos homens máscaras de macaco, daí a origem do nome da tribo.
Um jovem rapaz, forte e elegante, chamado de Apuã, tinha um lindo papagaio que gostava muito de repetir o que os outros falavam. Era muito conversador.
Certo dia, o jovem deu-se de cara com Guaraci que, se apaixonaram à primeira vista.
___ Que papagaio bonito! É seu? pergunta a índia.
___ É sim. diz o jovem índio quase que sem palavras.
___ Como ele se chama? pergunta novamente a índia.
___ Ainda não dei um nome a ele. diz Apuã.
___ Tenho que ir. Depois podemos conversar melhor? pergunta a índia.
___ Sim. É claro. diz o jovem guerreiro.

Noutro dia, os dois foram se encontrar e o lugar donde escolheram foi debaixo de uma palmeira onde adora cantar o sabiá.
Os dois de tanto conversar acabam parando, um olha fixamente para o outro e, devagarzinho vão encostando a face até que os lábios de ambos se encontram.
Uma delícia de amor!
___ Seus lábios são tão doces como mel de abelha. diz Apuã.
___ Não. São os seus que tem sabor de Açaí. diz Guaraci.
Depois de discutirem amorosamente qual lábio é o mais saboroso, os dois se beijam novamente.

Kauã, um índio guardião de Guaraci sob as ordens do Pajé, acaba flagrando os dois no maior amor. Então, vai de imediato contar ao seu chefe Pajé.
___ Senhor, lhe trago uma notícia nada boa. diz Kauã.
___ Aconteceu alguma coisa de ruim com minha filhinha? pergunta o Pajé.
___ Não senhor. Apenas a peguei namorando com um indiozinho. diz o guardião.
___ Não posso acreditar. Eu vou matar este miserável. diz o Pajé.
___ Acho que não precisa matá-lo, apenas mande-o embora da aldeia. diz Kauã.
___ Sim, é verdade. Ótima ideia meu amigo. Violência não é nada legal. Quero que você traga-o até a mim. diz o Pajé.

Quando Guaraci chega à sua oca, ela se depara defronte a seu pai, ele a encara com um olhar de colocar medo em qualquer um. A jovem índia começou a ficar com muito medo dele e sem entender o motivo do tal pai fazer uma cara de homem zangado.
___ Tem alguma coisa a me dizer. pergunta o Pajé.
___ O que quer dizer com isso papai.
___ Não se faça de tola engraçadinha, você sabe muito bem do que estou falando.
___ Mas eu não sei de nada. O senhor está me botando medo.
___ Como é o nome daquele infeliz? Diga-me agora Guaraci.
___ De quem o senhor está falando?
___ Não me faça rir. Refiro-me ao seu namorado que estavas beijando.

Guaraci depois de ouvir badernas de seu pai, solta o verbo e fala que ama de verdade e profundamente o jovem guerreiro indígena.
___ Eu o amo mesmo. E é com ele que vou me casar.
___ Não digas besteira sua aberrada.
___ O senhor é um insano. Um louco. Um demente.
Seu pai lhe assenta a mão na sua boca que ela desmaia no chão.
___ Isso é pra você me respeitar, eu sou seu pai e poderia puni-la.

Guaraci quando acorda vai imediatamente comunicar a situação vivida ao seu grande amor Apuã. Ele fica muito triste com a história de seu pai não aceitar o namoro e pede para Guaraci quebrar a regra da aldeia com ele, que era nada mais que fugir e abandonar a aldeia para sempre. Guaraci não achou uma boa ideia, entretanto, um amor sem limites faz tudo. Os dois fogem da tribo onde nunca mais voltam. E, é claro, viveram felizes até que a morte os separaram.

[Antonio Félix]