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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cultura, o tempo te apaga

Até certo tempo atrás, as escolas ensinavam sobre a nossa cultura. Hoje, o tempo apagou o que era preciosidade chamada de cultura dentro do contexto antropológico e sociológico, e, quando mais a gente precisa desta, mais ela vai se apagando...

A cultura é de fato algo muito importante para nós, tanto para nossa formação como cidadão quanto para nossa vida pessoal e profissional. A maioria das escolas, com exceções e, sem citar nomes, não valorizam a nossa cultura. A cultura unionense, nossa cultura brasileira. Surge então uma questão do nada ou propriamente do infinito assim filosoficamente falando: ― Existe uma cultura dominante ou genuinamente unionense? Muitos antropólogos discutem sobre a questão de que se há ou não uma cultura genuinamente brasileira, e, afirmam que há uma grande diversidade e conflitos da cultura brasileira dentro da nossa sociedade. É uma coisa variada. Todavia, as escolas deveriam incentivar, por exemplo: ― Deveriam ensinar as crianças desde cedo, ainda no “pré” a aprenderem cantar o hino nacional completo, além, de também ensinarem a cantar cantigas folclóricas popularmente unionenses e piauienses que passam de geração a geração. Lembro demais em minha infância em que os professores nos ensinava cantigas juninas ou popularmente conhecidas por “quadrilhas” por na época usarem camisas quadriculadas de mangas longas, calças jeans remendadas, chapéu de palha e um bigode disfarçante. Era uma maravilha! A criançada não devia passar em branco tudo isso. Até por que isso é Cultura! E Cultura com C maiúsculo. Mas, infelizmente, este c vai diminuindo e o tempo poderá apagá-lo deixando de existir nossa cultura sem a sobra de rastros, nem marcas, nem pistas [...].

Rala o côco
Mexe a cangica (bis).
E depois de tudo pronto
Vamos agora dançar
Que está tudo preparado
Cada um pega seu par.

Em União, minha cidade natal, o bumba-meu-boi era até então uma tradição de louco em um bom sentido, pois os bairros da cidade ficavam cheios de bois de panos tocando aquelas músicas que veio passando de geração a geração destes vastos sertões. Ainda guardo comigo o segredo da construção destes bois, da sua armação, da caveira do boi. Muitos meninos pulavam as quintas alheias para “roubarem” caveiras de bois jogadas pelo chão e usavam-na como armação principal, além de lençóis velhos para cobri-lo, etc.
Um dos pioneiros conhecido e ainda vivo até os dias de hoje é o grandioso vaqueiro conhecido por Sr. Rumão. Este tem história pra contar sobre este folclore que, também faz parte da cultura unionense. Aqueles seus bois que construía enchiam de brilho os olhos das crianças, sobretudo, os meus ficavam esbugalhados e não tirava a vista do balancear do boi, já que eu era apenas uma criança a admirar o que é nosso naqueles bons tempos. Fiz parte desta tradição até os meus onze anos. O instrumento que eu tocava era uma matraca ou era um pandeiro de couro de cobra. O interessante era que todos os instrumentos eram artesanais como, por exemplo, o tambor ou o pandeiro era coberto de couro de boi ou de cobra, a madeira era utilizada para a construção das matracas, além de outros instrumentos. Sempre antes de passearem pela cidade, os componentes faziam uma pequena fogueira para aquecer o couro do pandeiro e do tambor. Lembrando que isto era obrigação no meu tempo, inclusive, já me queimei por causa desta brincadeira, a partir daí deixei o pandeiro de lado e passei a tocar matraca. Posso dizer que todo esse procedimento com a fogueira seja um ritual e, acredito que hoje não fazem mais isto. Isso mostra que o tempo vai apagando nossa cultura. No meu tempo não tinha essa de cantar correto, senão até poderia apanhar do companheiro ou ser excluído do grupo. Ainda guardo comigo a lembrança de algumas músicas com as letras na linguagem do caboclo, do vaqueiro, ou melhor, do homem do campo. Veja alguns pedaços de algumas cantigas do bumba-meu-boi que me recordo.


“Barboleta avuou,
Acentou no pau da roseira”.
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“Lai vem, lai vem, lai vem
A andorinha no inverno
E a barboleta no verão”.
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“Custei, mas cheguei,
Oh! Me dê licença patrão...”
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“É a turma do bairro São João,
É a turma que eu boto fé (bis).
E é de qualquer jeito eu mandar:
― Ou vai ou eu racho, eu racho,
Eu racho, eu rachei...”

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“Chirindô, chirindô,
Tá na hora do pandeiro chirindô,
Chirindô, chirindô.(bis).
― Então cadê minha catirina*?
― Chirindô, chirindô.
― Mas eu não vejo ela dançar,
― Chirindô, chirindô.
― E cadê o meu vaqueiro?
― Chirindô, chirindô.
― Mas eu não vejo ele atirar,
― Chirindô, chirindô.
― E cadê meu velho boi?
― Chirindô, chirindô.
― Mas eu não vejo ele chifrar,
― Chirindô, chirindô.
[...]

Um comentário:

Brígido & Karla disse...

Que suas palavras ecoem pelos quatro cantos da cidade de União...parabéns pela matéria..

PS: Vou postar no meu blog...rsrsrs